Anorexia nervosa

8 de fevereiro de 2022

Na atualidade muito se discute a respeito dos transtornos alimentares, especialmente a anorexia. Por vezes, vemos esse diagnóstico sendo resumido a uma evitação de alimentos quando é algo muito mais complexo. 

Na atualidade muito se discute a respeito dos transtornos alimentares, especialmente a anorexia

O que é a anorexia? 

A anorexia nervosa é um transtorno alimentar que afeta o modo como a pessoa percebe seu corpo, buscando constantemente por emagrecer. 


O indivíduo anoréxico se percebe como alguém com sobrepeso, mesmo que esteja muito abaixo do considerado saudável. 

Este transtorno afeta o modo como a pessoa se comporta em relação a sua alimentação, tornando-a restritiva ou compulsiva, os subtipos da anorexia, sendo:

  • Na anorexia restritiva o paciente passa a eliminar grupos alimentares de sua dieta, conta calorias em todas refeições ou as pula, evitando comer. 
  • Na anorexia compulsiva o paciente evita comer até que perde o controle e se alimenta de modo voraz, se purgando em seguida para compensar a ingestão calórica. 


Nos dois casos pode haver a presença de comportamentos purgativos, tais como: 

  • Exercícios em excesso;
  • Ingestão de laxantes;
  • Ingestão de diuréticos. 


A crença existente é de que nunca se está magro o bastante, o que tem como consequências atitudes que visam a constante perda de peso. 


Atualmente, embora exista um número considerável de homens diagnosticados com anorexia, a maior parte dos pacientes segue sendo jovens do público feminino.


Muitos pacientes levam a doença a níveis extremos, chegando a caquexia, ou seja, um grau muito elevado de desnutrição. 

Relacionado a estes casos, estima-se uma taxa bruta de mortalidade de 5% por década.


Na maioria das situações em que há diagnóstico de anorexia, observa-se que alguns fatores se destacam diante a relação com o surgimento da doença: 

  • Predisposição genética; 
  • Pressão social e conceito da moda que determina o padrão de beleza; 
  • Pressão familiar; 
  • Alterações neuroquímicas cerebrais, alterando níveis neurotransmissores.


Diante a variedade de fatores, é importante que haja atenção aos sintomas que indicam o início, considerando que qualquer pessoa pode ser afetada. 


Essa atenção deve ser redobrada quando se fala dos grupos de risco, nos quais incluem-se as pessoas que são consideradas sujeitas a sofrer pressão social para manterem uma estética específica. 


Alguns dos grupos considerados de risco são: 

  • Atletas olímpicos; 
  • Bailarinas; 
  • Adolescentes. 


Quais são os sintomas presentes na anorexia? 

Para melhor compreensão, os sintomas de anorexia podem ser divididos em três categorias: físicos, comportamentais e psicológicos. 

Dentre os sintomas físicos, destacam-se: 

  • Perda ou mudança frequente de peso; 
  • Ausência de menstruação em mulheres e diminuição de libido em homens; 
  • Tonturas constantes; 
  • Cabelos finos aparecendo por todo o corpo. 


Quanto aos sintomas comportamentais, observa-se que o paciente apresenta: 

  • Comportamento de dieta – prática de jejum, eliminação de grupos alimentares, contagem de calorias; 
  • Uso indevido de laxantes; 
  • Prática de exercícios de modo compulsivo – prática mesmo doente ou em tempo ruim; 
  • Preocupação com a alimentação dos outros; 
  • Rituais obsessivos no preparo e ingestão de alimentos – cortar pedaços muito pequenos, comer muito devagar. 


Diante os sintomas psicológicos é importante considerar aspectos como: 

  • Preocupação excessiva com alimentação; 
  • Depressão e ansiedade; 
  • Isolamento social; 
  • Extrema insatisfação corporal; 
  • Medo intenso de ganhar peso.


É possível recuperar-se de um diagnóstico de anorexia? 

Com compromisso e auxílio adequado a recuperação torna-se possível. 


O tratamento de alguém que foi diagnosticado com anorexia é diretamente relacionado ao cuidado psicológico. 


Durante o período de terapia objetiva-se auxiliar o paciente a se recuperar psicologicamente, assim como fisicamente. 


Alguns dos aspectos focados neste trabalho se dão pelo comprometimento com a saúde, incentivo ao ganho de peso saudável e comportamentos funcionais frente a alimentação e prática de exercícios.


Ainda que o acompanhamento psicológico seja indispensável, é também muito importante que, se possível, seja feito um acompanhamento ambulatorial. 


Desse modo, o sujeito pode enfrentar a situação com o auxílio de uma equipe multiprofissional capacitada para tanto. 

Entre os profissionais dessa equipe encontram-se o psicólogo, médico e nutricionista. 


A Anorexia Nervosa apresenta um elevado risco de suicídio, chegando a 12 suicídios completos a cada 100.000 pessoas por ano, sendo sempre indicada uma avaliação psiquiátrica para avaliar este risco.


É esta equipe que, trabalhando em conjunto com o paciente, poderá tornar possível sua recuperação. 


O nível de compromisso da pessoa que sofre com a doença é também um fator indispensável para que o tratamento dê certo. 


Ainda que o caminho para superar a situação possa se mostrar longo e difícil, a equipe multidisciplinar estará presente para auxiliar no que for necessário. 


Assim, aos poucos – mas, com eficiência – é possível possibilitar a recuperação do paciente, não só a um peso saudável, mas recuperá-lo em sua totalidade.

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Dr. Anderson Silva

CRMSP 152951 - RQE 61217


  • Mestre pelo Departamento de Psiquiatria da USP;
  • Médico Psiquiatra Assistente do Hospital Sírio-Libanês;
  • Membro da International Association for Child and Adolescent Psychiatry and Allied Professions (IACAPAP);
  • Coordenador dos Cursos de Pós-graduação em Psiquiatria e Psiquiatra da Infância e Adolescência da Pós Médica/FABIN;
  • Psiquiatra no Projeto PROADI-SUS da Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein;
  • Professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade 9 de Julho 2019 a 2021;
  • Supervisor da Residência de Psiquiatria da Secretaria Municipal de São Bernardo do Campo 2018 a 2020;
  • Editor Adjunto da Revista Debates em Psiquiatria 2022 a 2023;
  • Especialização em Saúde Mental da Infância e Adolescência pela Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da UNIFESP;
  • Especialização em Dependência Química na USP;
  • Titulo de Especialista em Psiquiatria pelas Associações Brasileira de Psiquiatria e Médica Brasileira;
  • Cursos em The Harvard Medical School: Psychiatry 2014 e Psychopharmacology: A Masters Class(2015);
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