Bulimia nervosa - Entenda este transtorno

21 de agosto de 2022

Dentre os transtornos alimentares mais comuns na atualidade encontra-se a bulimia nervosa


Por vezes confundida com a anorexia, sendo posta como uma doença similar, são diagnósticos diferentes. Ainda que as causas possam apresentar a mesma origem, assim como os danos causados no paciente, são quadros diferentes. 

Dentre os transtornos alimentares mais comuns na atualidade encontra-se a bulimia nervosa.


Enquanto a anorexia se caracteriza principalmente pela evitação de alimentos, a bulimia está relacionada com comportamentos compulsivos na alimentação, seguidos por purgação. 

Como se caracteriza a bulimia nervosa

Uma das principais características do paciente que sofre de bulimia é o padrão de consumo alimentar de modo compulsivo. 

Assim, esta pessoa é alguém que, embora coma todos os grupos alimentares – e em grandes quantias –, não permite ao corpo absorver os nutrientes ingeridos. 

Não muito depois da ingestão ocorrem práticas purgativas na intenção de compensar o excesso calórico que foi ingerido. 

Dentre este tipo de prática destacam-se comportamentos como: 

  • Indução de vômito constante; 
  • Uso de laxantes e diuréticos; 
  • Prática de jejum entre os episódios de compulsão; 
  • Prática intensa de exercícios físicos. 

Esses comportamentos purgativos se apresentam como algo muito prejudicial ao paciente, pois apresentam consequências negativas ao organismo.

A indução de vômito, por exemplo, causa a destruição dos esmaltes dos dentes, inflamações na garganta e problemas gastrointestinais. 

Ainda atrelado a esse padrão purgativo, pode haver quadros de arritmias cardíacas e desidratação em razão do vômito constante. 

O uso constante dos laxantes, por sua vez, torna-se um fator que facilita a aparição de hemorroidas. 

Em conjunto, esse quadro pode trazer muitos outros sinais prejudiciais a saúde do paciente, os quais podem ser divididos em três categorias: físicos, comportamentais e psicológicos.


 Dentre os sinais físicos, destacam-se: 

  • Constante mudança de peso, tanto emagrecendo quanto engordando; 
  • Danos causados pelo vômito – inchaço das bochechas, mau hálito; 
  • Perda ou irregularidade da menstruação; 
  • Tonturas e desmaios; 
  • Sensação constante de cansaço. 


Já entre os sinais comportamentais, observa-se: 

  • Evidências da compulsão – paciente esconde alimentos ou os acumula; 
  • Prática excessiva de exercícios físicos; 
  • Mudanças no estilo de roupa – passa a preferir roupas largas; 
  • Idas frequentes ao banheiro durante ou após refeições. 


E no caso dos sinais psicológicos, pode-se observar que o paciente passa a apresentar: 

  • Baixa autoestima; 
  • Depressão, ansiedade e/ou irritabilidade; 
  • Imagem corporal distorcida; 
  • Obsessão com os alimentos e números de calorias ingeridas; 


Esses sintomas, quando presentes em conjunto, representam um sinal de alerta frente ao transtorno, o qual pode levar o paciente a óbito. 


Mais presente em mulheres jovens, a bulimia geralmente se desenvolve em razão dos mesmos fatores que a anorexia

  • Predisposição genética; 
  • Pressão social e familiar;
  • Valorização do corpo magro como padrão da sociedade. 


Assim, qualquer pessoa pode estar sujeita a desenvolver um quadro, sendo importante estar atento a presença dos sintomas citados anteriormente. 


Diante a possibilidade de um quadro de bulimia é importante buscar ajuda de um profissional da saúde, a fim de realizar um diagnóstico adequado. 


Como é feito o diagnóstico da bulimia nervosa

O diagnóstico da bulimia é um pouco mais complexo que o da anorexia. Isso ocorre, pois neste caso os sintomas não são tão evidentes. 

A perda de peso, por exemplo, não apresenta sinais como caquexia. Em geral, o paciente com bulimia segue com o peso variando próximo ao ideal, mesmo diante os comportamentos para emagrecer. 


Assim, o foco neste caso são os hábitos do paciente, destacando-se aspectos como: 

  • História pessoal; 
  • Hábitos alimentares; 
  • Preocupação com o peso. 

Ademais, considera-se ainda o descrito pelo Manual de diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais (DSM-5) que descreve ser necessário a presença de sintomas específicos: 

  • Ao menos 1 episódio semanal de ingestão compulsiva e comportamentos compensatórios; 
  • Episódios e comportamentos presentes por no mínimo 3 meses. 

Se o paciente contempla estes sintomas, provavelmente o diagnóstico apresentado será de bulimia nervosa. 


Formas de tratamento da bulimia 

A bulimia nervosa é indispensavelmente tratada através do trabalho de uma equipe multidisciplinar. 

Dentre os profissionais envolvidos, encontram-se: 

  • Médicos; 
  • Psicólogos; 
  • Nutricionistas; 
  • Psiquiatras. 

O paciente inicia um processo de psicoterapia, geralmente na abordagem cognitiva-comportamental, a qual tem apresentado bons resultados nestes quadros. 

Em paralelo, faz acompanhamento psiquiátrico, utilizando de medicamentos psicoestimulantes e/ou antidepressivos. 

Em conjunto a estes profissionais, agem ainda o médico e nutricionista, possibilitando uma dieta e práticas saudáveis ao paciente. 

É através deste trabalho em conjunto que se torna possível encontrar meios de superar o quadro de bulimia nervosa e possibilitar que a pessoa viva de modo mais saudável. 

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Dr. Anderson Silva

CRMSP 152951 - RQE 61217


  • Mestre pelo Departamento de Psiquiatria da USP;
  • Médico Psiquiatra Assistente do Hospital Sírio-Libanês;
  • Membro da International Association for Child and Adolescent Psychiatry and Allied Professions (IACAPAP);
  • Coordenador dos Cursos de Pós-graduação em Psiquiatria e Psiquiatra da Infância e Adolescência da Pós Médica/FABIN;
  • Psiquiatra no Projeto PROADI-SUS da Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein;
  • Professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade 9 de Julho 2019 a 2021;
  • Supervisor da Residência de Psiquiatria da Secretaria Municipal de São Bernardo do Campo 2018 a 2020;
  • Editor Adjunto da Revista Debates em Psiquiatria 2022 a 2023;
  • Especialização em Saúde Mental da Infância e Adolescência pela Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da UNIFESP;
  • Especialização em Dependência Química na USP;
  • Titulo de Especialista em Psiquiatria pelas Associações Brasileira de Psiquiatria e Médica Brasileira;
  • Cursos em The Harvard Medical School: Psychiatry 2014 e Psychopharmacology: A Masters Class(2015);
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